Um dia comum
Uma rua deserta. Casas velhas. Algumas árvores secas. Uma pedra. Sol a pino.
Surgiram mãe e filho de mãos dadas no horizonte. Ela paciente. Ele decobrindo o mundo. Pareciam felizes.
A mãe mais velha do que era e menos feliz do que se mostrava, não se dava conta disso, pois parou de fazer perguntas há muito tempo.
O filho tinha seis anos e sem dúvidas era feliz. Exergava na mãe uma rainha linda e sábia. Ela simplesmente sabia de tudo. De tudo!
Filho: Mãe quem mora nessa rua?
Mãe: Um monte de gente.
Filho: E o que eles estão fazendo agora?
Mãe: Devem estar descansando.
Filho: Eles tem filhos?
Mãe: Tem, todo mundo tem filhos.
Filho: Por quê?
Mãe: Por que os filhos são uma bênção.
Filho: Mãe o que é benção?
Mãe: É como essa árvore.
Filho: Mas o que é benção?
Mãe: É um presente.
Filho: Eu sou um presente?
Mãe: É, meu amor.
Filho: E você é um presente da vovó e do vovô?
Mãe: Isso mesmo.
Filho: Mãe, quem fez a pedra?
[Silêncio]
Mãe: Foi Deus meu filho.
[Silêncio]
Mas como foi que ele fez isso?
[Silêncio grande]
Seguiram em silêncio.
Pollyanna Monteiro