“A religião é um direito. A irreligião também.”

O assunto está sempre em pauta. Há os que creem, há os que não creem e há os que afirmam desconhecer a resposta da existência de divindades e que esta questão não pode ser, ao menos não ainda, decidida. Para os que creem ainda há um caminho a percorrer (não obrigatoriamente!), e aí entram as religiões. Mais do que definições (Deus é amor, Deus é natureza, Deus é ilusão), quem crê tenta desprogramar o cérebro para expandi-lo desses direcionamentos e conceitos, mas acontece do cérebro atrofiar, obsessivo por UMA definição.
A religião faz parte da nossa cultura de uma maneira muito forte. Vemos as pessoas jurando dizer somente a verdade com a mão sobre a bíblia e a famosa frase, In God We Trust, faz parte da cultura ocidental.
No Brasil, temos nossos feriados religiosos: Paixão de Cristo, Corpus Christi, Nossa Senhora da Aparecida… Ah, os sonhados feriados, merecidos pois os brasileiros trabalham muitas horas por dia, mas não condizem com um estado laico.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Instituto Rosa Luxemburgo, mostrou o poder daqueles que creem! Os ateus formam a parcela da população com o maior índice de rejeição (42%), superando grupos estigmatizados como usuários de drogas (41%) e ex-presidiários (21%), isso foi em 2009.

O filósofo Umberto Eco disse que “Ateu é uma figura cuja psicologia me escapa, porque não vejo como é possível não acreditar em Deus e considerar que não se pode comprovar Sua existência, e depois acreditar firmemente na inexistência de Deus, pensando poder prová-Lo”.

No twitter o perfil @ateus_atentos tem em sua time line alguns comentários bem agressivos daqueles que se dizem religiosos, por exemplo:
” ‘Odeio ateus, eles não merecem meu respeito.’ ‘Você conhece algum?’ ‘hmmm só o Hitler e o Stalin’ ”
“Essa ATEA no facebook já deu no saco viu. Ateu babaquinha que defeca pela boca só por estar atrás de um computador.”

ATEA é a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, que tem como um de seus objetivos congregar ateus e agnósticos e combater o preconceito contra estes grupos. Pois é, o preconceito não tem fidelidade, crendo ou não, ele vai se manifestar em algum tempo, em algum local. Tenho amigos e conhecidos que constantemente são alvos de piadas e reprovações por conta da sua religião, aqui no Brasil as pessoas que seguem religiões de matriz africanas sofrem muitos preconceitos. Mas não só eles são vítimas, percebo que como o ateísmo está crescendo, bem como o protestantismo, as pessoas  expressam mais sua crença ou a ausência dela,  insurgindo incômodos alheios, parece que tem sempre alguém disposto a fazer prevalecer a sua moral. Destaco, pois acho que em grande parte aí se encontra o grande X da questão: a pobreza moral de muita gente. Tomo a liberdade de falar aqui da minha opinião sobre estes conceitos, nada muito embasado em filósofos e tal. Acredito que a pouca interação entre nós, e entre as coisas que estão neste mundo, se dá de uma forma verticalizada. É isto sobre aquilo. Aquela ideia rebaixando a outra. A razão sobre a emoção. A emoção superando a razão. Encontrar respostas superficiais e reconfortantes dá lá o seu trabalho, mas são éticas? Quanto do todo você buscou compreender? O que você conseguiu alcançar? E não estou falando de nada divino, trato sobre o esforço em enxergar que o mundo é mundo e não umbigo.

Não precisamos num certo momento de nossas vidas dá uma sacudida naqueles nossos velhos hábitos, costumes e conceitos? Se não fazemos isso a vida faz por nós, pelo menos assim fui percebendo… Então, antes de crer ou não, dá uma sacudida e se já deu, você vai saber e sentir, além de muitas outras coisas, que é preciso, pelo bem da vida na terra, respeitar a si e ao próximo. Conviver sem rebaixamentos…

Namastê!  ;)

Até!

Vivi Bezerra

* O título do post é uma citação de André Comte-Sponville no livro O Espírito do Ateísmo.