E, enfim, o governador Eduardo Campos recebeu os estudantes hoje no Palácio do Campo das Princesas, isto sim representa que há ao menos um sinal de civilidade desta gestão com o cidadão.
Antes, no Blog do Jamildo, o governador disse numa entrevista algumas coisas que gostaria de rebater, como não tenho acesso ao governador, comento abaixo.
Dudu
“A polícia, preventivamente, fez o mesmo tratamento que faz com as torcidas organizadas. Eles são treinados. Esse pessoal que foi para a rua é um pessoal que inclusive a Fifa discutiu com eles para treinar para a organização da Copa do Mundo da África do Sul. O que é? Garante a passeata sem isolar a rua.”
Vivi
Meu Deus, tenho ainda mais medo da violência na Copa do Mundo !!!
Dudu
“O comandante do Batalhão de Choque levou duas pedradas. Uma no braço e uma na perna. Passou por exame. Tem que se apurar um lado e outro e se apelar para as pessoas fazerem suas reivindicações de forma a não prejudicar a vida dos outros com violência.”
Vivi
Concordo. Se qualquer pessoa é agredida merece que se investigue o caso e o responsável pela agressão seja punido. E isto vale para os manifestantes também, mas muitos não passaram por exames, e nós sabemos o porquê, não é? Eu já considero uma agressão um Batalhão de Choque da Polícia e a Rocam estarem presentes no protesto. É para assustar? Reprimir um ato legítimo? É completamente desigual. Se alguns manifestantes foram violentos, se jogaram pedras ou lançaram ferros, lembro ao Sr. que TODOS os policiais estavam com suas armas, seus coletes, seus cassetetes, suas bombas, seus sprays e alguns tinham escudos. Tenho certeza que, se houve violência por parte dos manifestantes, foi uma minoria, um grupo pequeno, mas, convenhamos, uma bomba é muitas vezes mais agressiva e tem o poder de atingir um número muito maior de pessoas, e certamente atingiu aqueles que estavam no protesto de forma pacífica exercendo um direito. O Sr. acha que há como comparar uma pedra com uma bomba? O que houve, e nós sabemos, é que a polícia se excedeu e que as coisas vão ficar por isso mesmo.
Dudu
“Não é uma promessa de campanha.” (Eduardo se refere a um vídeo em que aparece falando sobre redução de impostos para manter ou baixar o preço da passagem de ônibus)
Vivi
Peço que já para as próximas eleições os senhores candidatos coloquem uma legenda nos seus vídeos informando se o que falam é ou não uma promessa de campanha. Adianto logo que não acreditaremos de um jeito ou de outro!
Dudu
“As pessoas também têm que saber que o direito de um acaba onde o direito do outro começa. O direito de fazer a passeata tem que ser respeitado, mas o direito de uma ambulância passar tem que ser respeitado. O direito de uma senhora que está indo ao médico, no ônibus, chegar na hora da sua consulta tem que ser respeitado. E ninguém tem o direito de sair de casa, com um pedaço de ferro, um pedaço de pau ou uma pedra para jogar contra um inocente. Esse direito não existe. E a polícia tem que cumprir a lei. A polícia não sai para fazer nenhum ato de violência. Todas as vezes que a polícia agiu fora da lei nós punimos. A polícia tem agido, ao meu ver, dentro da lei e dentro do que manda a Constituição. O direito de ir e vir é sagrado.”
Vivi
Sr. Governador, a polícia também não tem o direito de bater, jogar bombas ou spray de pimenta em inocentes. As pessoas tem o direito de ir e vir e é por isso que esta manifestação existe em sua essência, porque boa parte da população já não tem dinheiro para andar de ônibus e com as passagens mais caras a coisa piora. Pelo direito de andarmos na nossa cidade, no nosso estado, por um direito que é de todos os cidadãos é que o protesto foi realizado. Lá também estavam pais de família, mães de família, filhos, filhas, trabalhadores, estudantes que merecem respeito e não um batalhão de homens armados. Sugiro que sua polícia receba outro treinamento, que é agir com prudência, sem o uso demasiado da força, que as mulheres sejam abordadas por policiais femininas e que possam se manifestar sobre as ordens que recebem, pois, polícia é gente e é visível que muitos não estavam confortáveis em cumprir a ordem do comandante. Aliás, o comandante da Rocam falou, segundo a Folha PE, sobre o caso do policial que agrediu a cidadã Juliana Sant’Anna: “Pessoalmente, não acho que ele agiu de forma errada. Quando vamos para a rua, essas coisas acontecem”. Só posso, depois deste esclarecedor depoimento, publicar novamente a imagem e lhe pedir que não mande mais homens assim para a rua, eles estão preparados para agredir e não para proteger, preservar e prestar serviço a sociedade.
Hoje estive na manifestação juntamente com mais umas mil pessoas. Não houve confrontos, a polícia acompanhou todo o trajeto e o protesto foi realizado com dignidade. Passamos em frente ao HR e nos solidarizamos com os taxistas que perderam um amigo, o Seu Lucas, para a violência.
Eduardo, vamos fazer um pacto? Seja sensível as diversas necessidades dos cidadãos pernambucanos, de seus eleitores, e não tente colocar a população contra uma manifestação democrática e legítima. Nós, do lado de cá, exercendo nossos direitos civis, quando em desacordo com os caminhos políticos deste governo , nos manifestaremos de forma pacífica, repudiando atos violentos. Por favor, faça funcionar de forma eficiente a fiscalização dos serviços prestados pelas empresas de ônibus. A população sofre bastante com a péssima qualidade que é oferecida.
Hoje perguntei aos cobradores do sistema Transcol sobre os supostos ônibus depredados e passageiros feridos e a resposta que tive foi negativa. Eles não presenciaram e não ouviram na empresa, de seus colegas ou dos seus contratantes nada a respeito disso. Bom, vai ver que eles deram sorte, isso foi um caso isolado ou é uma invenção para desqualificar todos que manifestaram.
Deixo aqui meu carinho a todos que lutam (e lutaram) por justiça, por uma maior participação nas decisões que nos afetam a vida. Meu carinho para aqueles que foram agredidos, humilhados. Meu carinho para o grito. Meu carinho para a juventude. Meu carinho para a consciência. Meu carinho para Juliana.
Até!
Vivi Bezerra